Professor do curso de História do Campus de Teresina, Johny Santana de Araújo
O curso de História da Universidade Federal do Piauí (UFPI) está prestes a formalizar um importante acordo de cooperação internacional com a Universidade de Lisboa, em Portugal. A iniciativa, que retrata um marco para a internacionalização da pesquisa histórica na Instituição, tem foco especial na área de História Militar — campo em expansão no Brasil e no exterior — contempla a produção científica conjunta.
Desde 2022, o professor Johny Santana de Araújo, responsável pela articulação da parceria, vem desenvolvendo aproximações com o Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), impulsionado por sua linha de pesquisa na área de História Militar. Durante esse processo, identificou que o professor Raimundo Lenilde, também da UFPI, já havia iniciado um diálogo com a universidade portuguesa, o que motivou a união de esforços. O acordo está em fase final, aguardando apenas as assinaturas dos gestores das duas instituições — adiadas em função de mudanças administrativas recentes.
Na foto, o professor Johny Santana ao lado do professor Augusto Antônio Salgado, coordenador do Grupo de História Militar
A proposta da parceria é ambiciosa e estratégica: promover o intercâmbio entre docentes e discentes dos cursos de História, especialmente na pós-graduação, com vistas à qualificação da produção acadêmica e à integração em grupos de pesquisa internacionais. Em dezembro de 2023, o professor Johny Santana realizou uma visita técnica a Lisboa, onde participou de palestras e atividades no grupo de História Militar do Centro de História da FLUL, estabelecendo um vínculo mais estreito com a equipe de pesquisa.
O resultado desse processo foi sua recente integração oficial como pesquisador colaborador ao Centro de História da Universidade de Lisboa, tornando-se o primeiro docente do curso de História da UFPI a ser inserido diretamente no contexto desse acordo de cooperação. “Fui desenvolvendo as atividades como observador participante, e agora estou oficialmente incorporado ao Grupo de Investigação em História Militar, o que representa uma realização acadêmica muito importante”, destacou o docente.
O envolvimento da UFPI nesse cenário tem gerado impactos concretos. Eventos internacionais como o “War at Sea”, realizado em Lisboa, e o XXXII Colóquio de História Militar, promovido pelo Exército português, contaram com a participação ativa do docente, que ministrou palestras e publicou estudos em colaboração com pesquisadores de renome. Além disso, os estudantes da UFPI também têm sido protagonistas nesse processo, com atuação direta em grupos de estudos, organização de eventos e início de investigações sobre temas pouco explorados, como a mobilização de forças militares no antigo Estado do Grão-Pará e Maranhão, do qual o Piauí fazia parte.
A expectativa é que, com a consolidação do acordo, professores possam realizar estágios de pós-doutorado e atuar como visitantes na universidade portuguesa, enquanto estudantes terão acesso facilitado a bolsas de estágio sanduíche e participação ativa em grupos de pesquisa. “O que mais nos anima é formar um quadro de pesquisadores de alto nível, capacitados para atuar em redes acadêmicas internacionais”, afirmou.
Outro ponto de destaque é a possibilidade de integrar projetos financiados pela União Europeia, com acesso a recursos para participação em eventos, consultorias e desenvolvimento de pesquisas conjuntas. “Essa inserção representa um elo entre uma universidade brasileira e uma instituição europeia, por meio de um pesquisador que hoje está ativo em ambos os contextos. Isso abre portas e amplia horizontes para toda a nossa comunidade acadêmica”, concluiu.