Exposição ocorre no Museu de Arqueologia e Paleontologia (MAP) da UFPI
O Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGANT) da Universidade Federal do Piauí (UFPI) inaugurou, na manhã desta quarta-feira, 15 de janeiro, a Exposição Fotoetnográfica "Vozes e Visões Indígenas Warao em Teresina - PI". Com registros realizados por Francilene da Silva Abreu, mestranda em Antropologia na UFPI, o acervo apresenta momentos do cotidiano dos Warao na capital, destacando seus costumes, espaços de convivência e desafios enfrentados.
Originários do nordeste da Venezuela, os Warao — cujo nome significa "povo da água" ou "povo do barco" — são tradicionalmente ligados à pesca, por viverem no delta do rio Orinoco. Considerado o segundo maior grupo étnico da Venezuela, os Warao iniciaram um movimento migratório para Teresina em 2019, em busca de melhores condições de vida. Em 2025, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Assistência Social (Sasc), 251 Warao, distribuídos entre 65 famílias, encontram-se abrigados na cidade.
Na foto, a pesquisadora Francilene Abreu e a superintendente de Igualdade Racial e Povos Originários da Secretaria de Estado da Educação (SEDUC), Assunção Aguiar
"Comecei a registrar essas fotos em 2019, com a chegada dos Warao. Desde então, documentei a trajetória deles anualmente. Em 2022, desenvolvi meu projeto de mestrado, baseado na experiência desse grupo, que foi aprovado pelo PPGANT", relata Francilene Abreu, responsável pelo material exposto.
Segundo a pesquisadora, a situação de vulnerabilidade vivida pelo povo indígena foi a principal motivação para a realização da mostra. "Espero que a exposição ajude a sensibilizar a população, permitindo que percebam a realidade dessas pessoas com mais empatia e se mobilizem para auxiliá-las no que for necessário", enfatiza.
Durante a abertura da exposição, Assunção Aguiar, superintendente de Igualdade Racial e Povos Originários da Secretaria de Estado da Educação (SEDUC), destacou a relevância do trabalho. "O que Francilene realizou é extraordinário. Este é um momento de intercâmbio cultural que reforça a importância de garantir a cidadania e os direitos desse povo", afirmou.
Mesa de abertura do evento
Carmen Lúcia Silva Lima, coordenadora do PPGANT, enfatizou o comprometimento da UFPI com os Warao desde 2019. "A Universidade tem promovido campanhas, ações e eventos relacionados à temática. Já publicamos três livros e diversos artigos sobre a vivência desse povo, incluindo contribuições de pesquisadores brasileiros e venezuelanos", destacou. Para Carmen Lúcia, a exposição sensibiliza os visitantes sobre os desafios enfrentados pelos Warao em Teresina. "Essas imagens convidam ao diálogo e oferecem um olhar humanitário sobre uma realidade que muitas vezes permanece invisível", completou.
Pedro Vitor, coordenador-geral do Centro Acadêmico de Ciências Sociais (CACS), celebrou a exposição como um espaço de resistência. "É nosso papel garantir que essas pessoas se sintam pertencentes à cidade e tenham seus direitos assegurados. Para isso, é fundamental fortalecer políticas públicas voltadas a essa população", afirmou o estudante.
Dando maior visibilidade à causa Warao, a exposição ficará em cartaz no Museu de Arqueologia e Paleontologia da UFPI (MAP) até sexta-feira, 17 de janeiro, com funcionamento das 8h às 18h.
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